Estava a pensar que raramente publico as minhas letras...fica aqui uma que gosto bastante.
Rios que abandonam
Consigo ver por entre as folhas que cobrem o teu rosto
As marcas de um andar pesado de arrastar a vida que não quis
O olhar dobrado, fixo no vácuo, ainda à espera …
De dias mais ligeiros
Crê num sonho e acaba por quebrar-se na pedra escura
Faz-lhe o favor de deitar por terra aquilo que ainda o segura
Sinto o odor nos rios que abandonam, o travo amargo à mesa e no peito
Um horizonte de escombros
Parte-se a vida em ti
Vejo a dor que te penetra e o cansaço que te invade e vence agora
Sou eu também quem te consome, come, come, come
E traz tormentos
E mesmo quando o alento escasseia, o vento leva-te o resto e ri
E morro um pouco sabendo que talvez assim te despeças do mundo mais cedo
Sem mim